Tendência das capas dos jornais na cobertura sobre o terremoto do Haiti é ressaltar imagens de vítimas, seguindo a cartilha de que o leitor se identifica com a história, se coloca no papel das vítimas (pensa que poderia ter sido com ele). Essa tendência é bem sintetizada na página do Correio Braziliense. As cenas de destruição em plano aberto, que costumam ser exploradas no cinema e foram usadas com ênfase quando houve a derrubada das torres gêmeas foram menos exploradas. Isso também se deve a preocupação excessiva com a qualidade da foto e a preocupação com os limites de ampliação de material proveniente de celulares ou do twitter.
Em A Tarde, optei por ela, já que defendo que uma capa temática deve ressaltar os diferentes componentes do drama. Por exemplo, poucos jornais deram na primeira página fotos dos soldados brasileiros que morreram em missão militar no Haiti. Acho isso relevante, mas houve uma preferência dos editores em mostrar o sofrimento dos haitianos em vez dos jovens militares através das fotos. Por quê?.
A capa pôster do Extra se vale de uma foto semelhante publicada no Jornal do Brasil, salvo engano no final da década de 1970, que rendeu um prêmio esso de fotografia para Carlos Mesquita. Nela, um pai carregava o filho morto no colo após um deslizamento na região serrana do Rio. Faz recordar também recurso utilizado pelo Jornal da Tarde em ocasiões como a derrota do Brasil na Copa da Espanha e no dia em que o Congresso não aprovou as eleições diretas. Foram capas sem manchetes; apenas imagem e legenda.
Após ter visto mais de 200 fotos para definir a edição de ontem de A TARDE, a imagem que mais me chamou atenção nas edições de hoje foi a do Wall Street Journal. Se tivesse que optar por uma única foto na capa, teria escolhido essa.
Hilária foi a solução do jornal Tribuna da Bahia, que ao tentar misturar a festa do Bonfim com o terremoto, mandou essa manchete: "Que o Senhor do Bonfim nos livre de uma tragédia dessa".
GJOL em casa nova
Há 11 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário