quarta-feira, 8 de abril de 2009

Gabi

Gabi deu com a cara no mundo num hospital evangélico, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Eu estava desempregado e o pouco dinheiro que tinha serviu para pagar o médico na maternidade mais barata que encontrei.

Quando passou por mim pela primeira vez, na porta da sala de parto, ainda estava avermelhada, envolta numa pasta esbranquiçada e com resquícios de sangue. Achei que seria ruiva, mas os genes portugueses - meu e do avô materno Zequinha - a fizeram ficar loura, após disputarem a primazia com a herança indígena e negra de boa parcela da família de Joana, a mãe.

Volto à noite anterior ao nascimento, quando eu ainda torcia por um menino. Joana me pediu para que desistisse da idéia de chamá-lo de Gabriel, ela queria Matheus. Um anjo me soprou no ouvido e eu respondi: mas se for menina, será Gabriela.

Acordo fechado pulo para o cartório duquecaxiense, onde eu queria registrá-la com um nome longo: Gabriela Maria de Paula Costa da Silva, não aceito pelo escrivão. Ele alegou que "de Paula" não era sobrenome. Para fazer valer minha vontade, teria de ir a outro cartório e pagar por registrá-la fora de jurisdição.

Com pouco dinheiro, desisti e me arrependi por não fazer constar meu nome no dela, assim como fiz com João e Bárbara.

O tempo passou e vi que isto não tinha tanta importância: a menina com quem dormia abraçado num berço, com minhas pernas passando por entre as grades de madeira, tem o formato arredondado do rosto igual a mim, além de muitas outras características parecidas.

Hoje, quando Gabi completa 24 anos, precisamente às 21 horas, nem a distância entre Salvador e Rio me impedem de senti-la bem perto. Lembrar estas histórias é a forma que encontro de agradecer a Deus por este belo presente e de dizer o que todo mundo já sabe: "Bi, te amo loucamente".

Um comentário:

  1. Te amo loucamente também. Belas mensagens da sua varanda, sempre aquecem meu coração cheinho de saudade!

    Amo, amo, amo!

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