Ao ser convocado para a fechar a capa de A TARDE para as eleições na segunda-feira passada (estou fora da edição há dois meses, desenvolvendo um projeto para o Grupo), comecei a pesquisar as capas dos jornais americanos na última eleição presidencial. Trabalhava com duas possibilidades: a eleição de Dilma no primeiro turno e a prorrogação da disputa, que era o plano B. Se Dilma ganhasse, ela teria algo em comum com Obama, os dois seriam os primeiros presidentes - um negro, uma mulher.
As duas páginas tinham uma única coisa em comum: com a reeleição praticamente certa de Jaques Wagner, o que tiraria o aspecto de novidade. Optei por tratar da questão regional num fólio. A decisão de estar acima ou abaixo do logotipo ficou com a editora de Arte, Iansã Negrão. Optou por ser acima por ser uma capa temática, o que tiraria a obrigatoriedade de mantermos o projeto editorial de colocarmos acima do título, temas como tecnologia, educação e outros, que costuma ser mais pedidos pelo público do jornal.
Não tinha dúvida de que as eleições presidenciais, mesmo nos jornais regionais, influem diretamente na vida dos eleitores de qualquer estado. Há uma visão equivocada de que para ser regional você tem que ser paroquiano - tinha gente no jornal que defendia que a principal matéria deveria ser sobre a escolha de dois senadores ligados ao PT, algo que até era um bom assunto, mas num segundo plano. Minha argumentação é simples: um jornal regional precisa de contextualização local, seja qual for o tema. Sem dúvida alguma, estava claro que a disputa presidencial seria a manchete.
Com o resultado e o segundo turno sacramentado, melhora ainda. Melhora ainda jogar a cobertura para frente, dando números, mas não fazendo deles o principal elemento da página.
No final da tarde de ontem, a primeira dúvida: usar fotos ou as charges de Simanca, com Serra muito parecido com o dono da usina nuclear do seriado Simpson e Dilma com peitos em sen tidos diferentes. Podia parecer provocação. No entanto, após mostrar a página para vários editores, ninguém teve a impressão de que estaríamos esculhambando os personagens. Além disso, as fotos eram óbvias demais.
Resolvido o problema do nível principal, faltava o rodapé.
As comuns listas dos mais votados, balanços e o campeão Tiririca foram fáceis de resolver. O detalhe final ficou pela escolha da foto de Lula e a chamada sobre ele, praticamente ignorado nas primeiras páginas dos jornais brasileiros. Era preciso mostrar e representar o que ele estaria sentindo diante da mudança que se processava nas hostes do PT: a vitória certa se transformara num jogo muito mais disputado. Pronto. É o que foi para rua e vocês podem ver na imagem que abre o texto.
O trabalho também tem a assinatura valiosa da designer Ludmila Cunha e é fruto do que foi apurado por uma centena de jornalistas.
Pai, muito interessante todo trabalho e discussão da capa...imagino o trabalhão no dia 03 ...e ainda tem segundo turno!
ResponderExcluirGostei muito da do O Dia também!
Beijão
Gabi