
Cansei de ouvir amigos cariocas se queixarem de que gostariam de comprar a Folha de S.Paulo aos domingos, mas o jornal é caro para quem só se sente seduzido por um ou outro suplemento. Participei de seminário promovido pelo Sindicato dos Jornalistas e ouvi diretores de jornais do Rio de Janeiro se queixarem da concorrência predatória, da falta de preocupação dos jornalistas com o produto. Enfim, desculpas diversas para justificar a falta de ousadia e criatividade.
Pois bem, insisto, num passeio pela Cinelândia, seguindo o cheiro de bacon, queijo e chocolate com açúcar, pode estar a solução para um dos maiores problemas das empresas jornalísticas: a queda de vendagem. Basta que os diretores e proprietários, assim como os pipoqueiros, ofereçam edições completas, edições econômicas e até edições super-econômicas de nossos diários.
Tomemos como exemplo a edição metropolitana de O Dia (RJ), de 27 de fevereiro de 2005. Feita a conversão das páginas tablóides para o tamanho standard, temos 114 páginas, incluindo três cadernos de noticiário e os suplementos Ataque, Empregos, Automania, Imóveis, Caderno D, Televisão e Classificados. Preço: R$ 2,50 ou R$ 0,02 por página. Quem precisa de tudo isso? Quem lê todas as páginas?
Chicabonzinho - E se, além da edição completa, o jornal oferecesse também uma edição econômica com notícias e entretenimento, incluindo o noticiário, Caderno D, Televisão e Ataque? Seriam 60 páginas por R$ 1,20. Um outro pacote possível englobando notícias e negócios (cadernos que incluem classificados) teria 84 páginas, que poderiam ser arredondadas para R$ 1,70.
Se isto não bastasse, o jornal poderia criar uma edição super-econômica de 24 páginas, voltadas para os jovens, priorizando o resumo das matérias da semana e de domingo, o noticiário esportivo e de cultura e lazer. Esta edição seria no formato tablóide e poderia ser oferecido a um preço entre R$ 0,40 e R$ 0,50.
Estas opções atrairiam os leitores, que contariam com um jornal na medida exata de que precisam, além de ajudar a resolver problemas estratégicos. Por exemplo: caso os jornais gratuitos conseguissem penetrar no mercado brasileiro, o jornal já teria um produto para enfrentar a concorrência, desde que deixasse de cobrar pela edição mais barata.
Para reforçar meu argumento, lembro que nem o sorvete campeão de vendas escapou dessa lógica. Está aí o Chicabonzinho que não me deixa mentir.
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