Leia abaixo a crítica que fiz para o livro "Os 11 maiores camisas 10 do futebol brasileiro", a pedido da editora do caderno 2 de A TARDE, Patrícia Moreira.
A Editora Contexto aproveita a proximidade da Copa do Mundo para lançar o livro “Os 11 maiores camisas do futebol brasileiro”, do jornalista e apresentador da Sportv Marcelo Barreto. É a sequência da série iniciada no ano passado com “Os 11 maiores técnicos...”, de Maurício Noriega, também da emissora de canal a cabo, que causou muita polêmica. É aí que reside o principal objetivo do livro – e dos que virão nos próximos meses, escalando seleções de laterais, centroavantes, goleiros, volantes: se vender pela discussão que gera qualquer lista restrita.
Nos meus tempos de menino, no campo improvisado do Larguinho, no centro velho do Rio, comparações sempre causaram debates acalorados – e, às vezes brigas -, mesmo quando os “craques”em voga eram Fernando Banana e Mauro Gordo.
O que Barreto faz, na realidade, é uma pesquisa que transforma os seus jogadores preferidos em verbetes, centrados nas trajetórias profissionais, exaustivamente reveladas nos jornais e nos 30 livros que ele inclui na bibliografia. O trabalho iniciado com explicações sobre os critérios para definir o que é um camisa 10 também serve como justificativa para deixar de fora da relação jogadores que fortaleceram a mítica em torno do número.
Como complemento, há entrevistas de ex-atletas e técnicos que conviveram com os homenageados. Aliás, o que poderia algo genial se transforma em elogios fáceis, poucas revelações e conversas apressadas, como a que é travada com Leonardo, ex-lateral do Flamengo e atual técnico do Milan, sobre seu parceiro Raí.
Ao escalar Zizinho, Pelé, Ademir da Guia, Rivellino, Dirceu Lopes, Zico, Raí, Neto, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká nas 256 páginas do livro de largas margens brancas, o mineiro Barreto foca, prioritariamente, o futebol do Sudeste, onde a maioria dos jogadores nasceu ou se projetou para a fama.
Ao Nordeste, por exemplo, restam referências a Rivaldo e a duas histórias que tiveram como palco a Bahia. Sobre o jogador pernambucano, ressalto o trecho que o humaniza e não está relacionado à sua atividade nos campos de jogo, uma raridade nos perfis. “Com o dinheiro que ganhou no Brasil e na Europa, mandou asfaltar as ruas do quarteirão onde cresceu, em Paulista (município da Grande Recife), comprou a melhor casa da rua e encheu-a de empregados que são proibidos de acordar a mãe – ela sempre dormiu até tarde, mas precisava sair cedo da cama para cuidar da família”.
Sobre a Bahia, o manjado episódio da façanha de Nildo, o homem que evitou o milésimo gol de Pelé, e a profecia feita por um pai de santo, que marcou a vida de Zizinho, durante a passagem do Flamengo por Salvador.
Enfim, não é na discussão que gira em torno da inclusão de Neto, cuja carreira acabou antes dos 30 anos, com brilho apenas no Corinthians, ou de qualquer outro camisa 10, que o livro desperta algum interesse. Se há algum mérito, reside em apresentar de uma maneira objetiva um pouco da história do futebol para novas gerações de torcedores.
GJOL em casa nova
Há 11 anos