O garbo do velho impressionou uma estagiária de História, que pesquisava os primórdios da organização sindical no Brasil. Mas ao mesmo tempo que atraía a jovem, o veterano estivador inspirava medo.
Com jeito, Cecília tentou se aproximar. Fez perguntas e obteve respostas monossilábicas, em tom de voz tão baixo quanto uma prece.
Depois de várias tentativas frustradas de descobrir a história daquele homem, a moça decidiu que se contentaria em esclarecer porque Melquíades da Costa Lima era conhecido por um apelido tão estranho.
Foi no subúrbio de Rocha Miranda, há 25 quilômetros do Cais do Porto, que ela encontrou um antigo arrumador que esclareceu o mistério:
Imagem era uma abreviação de Imagem do Cão, denominação que o descendente dos primeiros escravos do Senegal, que chegaram a Portugal, em 1441, ganhou por ameaçar a fé católica, sacrificar animais e invocar orixás para atender socialites e políticos que o procuravam para curar doenças, enriquecê-los, destruir adversários e obter sucesso, fosse lá o que isso significasse.
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